
Nesse sentido, nada tem a ver com religião, ginástica ou terapia: Yoga é uma
filosofia posta em prática.
Segundo este sistema filosófico, não é possível atingir boa saúde física e
mental sem a aquisição de estados mais profundos de concentração, o que nos remete á meditação que faz parte deste conjunto de práticas.
Tratar a prática cientificamente requer adotar uma linha de estudo objetiva,
com linguagem atualizada e o cuidado de manter suas tradições e princípios
originais, sem descaracterizá-los.
O papel dos pesquisadores e da ciência em relação às técnicas é observar e
descrever os fenômenos fisiológicos, verificando as formas como nosso corpo responde às práticas.
No caso do Yoga, o ciclo completo para sua realização envolvem não só práticas e exercícios de concentração, mas
também de respiração, descontração, purificação orgânica e gestos manuais (chamados mudras).
Algumas destas técnicas se destacam pela notória influência no sistema nervoso
central.
Alguns exercícios têm efeitos neuroendócrinos e neuroquímicos chegando
a provocar alterações estruturais em áreas do cérebro, favorecendo funções
cognitivas e aspectos emocionais.
"As funções cognitivas são divididas em: memória, atenção, linguagem, percepção e funções executivas. O sistema cognitivo nada mais é do que a relação entre estas funções, desde os comportamentos mais simples até os de maior complexidade, que exigem muito mais do nosso cérebro."
Nos últimos dez anos, com a incidência de transtornos de ansiedade e humor em
nossa sociedade, inúmeros estudos tentam demonstrar a relação entre as emoções
e a atividade do sistema nervoso autônomo (SNA).
Tanto a ansiedade quanto o stress e a depressão envolvem a ativação do sistema
nervoso simpático (SNS) e do Eixo Neuroendócrino
Hipotalâmico-hipofisário-adrenal (HPA).
O Hipotálamo é a estrutura responsável
pela regulação de funções básicas, manutenção e sobrevivência do organismo.
Segundo este sistema filosófico, não é possível atingir boa saúde física e mental sem a aquisição de estados mais profundos de concentração, o que nos remete á meditação que faz parte deste conjunto de práticas.
O papel dos pesquisadores e da ciência em relação às técnicas é observar e descrever os fenômenos fisiológicos, verificando as formas como nosso corpo responde às práticas.
No caso do Yoga, o ciclo completo para sua realização envolvem não só práticas e exercícios de concentração, mas também de respiração, descontração, purificação orgânica e gestos manuais (chamados mudras).
Algumas destas técnicas se destacam pela notória influência no sistema nervoso central.
Nos últimos dez anos, com a incidência de transtornos de ansiedade e humor em nossa sociedade, inúmeros estudos tentam demonstrar a relação entre as emoções e a atividade do sistema nervoso autônomo (SNA).
Tanto a ansiedade quanto o stress e a depressão envolvem a ativação do sistema nervoso simpático (SNS) e do Eixo Neuroendócrino Hipotalâmico-hipofisário-adrenal (HPA).

Efeitos neuroendócrinos e
neuroquímicos chegam a provocar alterações estruturais, favorecendo funções
cognitivas e aspectos emocionais.
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Efeito no tratamento do stress
Em 2005, pesquisadores da Universidade de Duisburg-Essen, na Alemanha, e da
Universidade de Nova York, observaram alterações positivas, em mulheres que sofriam com setress crônico, com apenas três meses práticando exercícios respiratórios
(Pránayámas) e posturas (Asana) ensinados dentro do Yoga.
Para avaliá-las, os
pesquisadores utilizaram testes psicológicos como a Escala Cohen de Stress
Percebido, Inventário Estado-Traço de Ansiedade (STAI), Perfil de Estados de
Humor (POMS), Escala CEDS de Depressão e até níveis salivares de cortisol.
Segundo a equipe de Gustav Dobos, coordenador da pesquisa, a prática do Yoga
induz a uma redução imediata nos níveis de cortisol e conseqüentemente do stress,
apontando para um efeito direto no eixo HPA. O efeito ansiolítico da prática é
tão significativo que alguns pesquisadores o têm comparado à influência de
medicamentos como benzodiazepínicos.
![]() Mente Alerta
Com o objetivo de observar os efeitos calmantes do Yoga e sua atuação no Sistema Nervoso Simpático, pesquisadores do departamento de psiquiatria do All India Institute of
Medical Sciences, em Nova Déli, liderados por G. Sahasi, em 1989, compararam os efeitos do Yoga e os efeitos do ansiolítico diazepam.
Ao fim de três meses de pesquisa,
os autores descobriram que o grupo que praticou Yoga tinha pontuação
significativamente menor em escalas de ansiedade, reduzindo os sintomas.
Tais
resultados não foram encontrados no grupo que havia tomado o medicamento.
Em
outro estudo que durou nove anos, liderado pelo pesquisador N. S. Vahia, do
departamento de psicologia médica da Seth G. S. Medical College e do K. E. M.
Hospital, em Mumbai, na Índia, em 1973, foi observada a eficácia
de técnicas do Yoga, de medicamentos ansiolíticos e antidepressivos, separadamente, para o tratamento de pessoas com ansiedade.
Os autores concluíram que o grupo praticante de técnicas do Yoga apresentou menor índice de ansiedade na escala de Taylor. Em alguns casos, os
efeitos das técnicas do Yoga foram mais eficientes na redução dos sintomas que a
clordiazepóxido (ansiolítico) e a amitriptilina (antidepressivo).
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A meditação (Samyáma) é sem dúvida a técnica mais estudada
dentro do Yoga. Talvez o motivo seja justamente a influência que a meditação exerce em diferentes funções cognitivas. Meditar é a concentração com a mente vazia, sem interagir com os acontecimentos à sua volta.O objetivo da meditação é justamente: evitar a corrente de pensamentos, deixando que a mente foque apenas um objeto, símbolo ou mantra. Assim, durante a meditação, o esforço executado pelo cérebro para se concentrar em um único ponto torna-o ativo, ao contrário da crença comum de que a meditação nada mais é do que um estado de repouso.
Testes com eletroencefalografia vêm demonstrando que a concentração durante a meditação (Dhyána), é apenas uma das etapas iniciais da prática meditativa, é um processo cognitivo que requer treinamento e integração de diferentes redes neurais.
O aumento de atividade de ondas alfa (ondas de 9 a 13 Hz, que refletem estados
de relaxamento) e a redução de ondas teta (ondas de 4 a 8 Hz, que indicam tanto
estado de sonolência quanto de atenção), durante a meditação, mostram que o
cérebro se encontra mais orientado internamente, alerta e atento – ou mais
vigilante.
Pensamentos "ruins" diminuem a imunidade do corpo
A equipe de Richard Davidson, da Universidade Wisconsin-Madison, nos
Estados Unidos, investigou a atividade eletroencefalográfica de indivíduos que
meditavam diariamente há mais de 20 anos e de um grupo-controle (meditadores
ocasionais). Os autores observaram o aparecimento de ondas cerebrais amplas,
conhecidas como ondas gama (de 27 Hz em diante), somente em indivíduos que
meditavam diariamente, mostrando grande concentração e aumento de atividade
neuronal.
![]() |
A ativação dessas áreas cerebrais específicas durante a meditação
contribui para a sensação de bem-estar e conforto. Além dos efeitos na cognição
e no humor, a prática da meditação é capaz de influenciar o sistema imunológico
por meio da redução de pensamentos prejudiciais, muitas vezes eliminados
durante o processo.
O pensamento “gerado” no CPF projeta-se para o sistema
límbico, envolvido no processamento das emoções. Se o pensamento for
prejudicial, o hipotálamo e, conseqüentemente, o eixo HPA são ativados,
liberando uma cascata neuroendócrina que resulta na secreção do cortisol, o
hormônio do stress. Se essa secreção é contínua, o sistema imune acaba se
enfraquecendo.
A meditação também pode atenuar sensações de desconforto. A redução dos níveis plasmáticos do ACTH (hormônio precursor do cortisol), TSH (hormônio estimulador da tireóide) e do próprio cortisol, por exemplo, aumenta a síntese de neurotransmissores como GABA (efeito inibitório da ansiedade), dopamina (envolvida no sistema de recompensa e na sensação de satisfação), serotonina (afeto positivo), endorfinas (que aumentam a síntese de glutamato no cérebro, o que estimula o hipotálamo a liberar beta-endorfinas, reduzindo medo e dor, produzindo uma sensação de bem-estar e alegria), acetilcolina (relação com o aumento nos sistemas de atenção nos lobos frontais).

Os cientistas sabem que a
percepção corporal depende da ativação dos lobos parietais superiores. O
hipocampo modula o nível de excitação cortical e de responsividade, por meio de
conexões com o córtex pré-frontal, amígdala e hipotálamo. Essas estruturas
estão implicadas na capacidade de atenção e nas emoções e são fundamentais para
a percepção de imagens.
Hormônios do Stress
A ativação da amígdala direita resulta em estimulação do hipotálamo, com subseqüente ativação do sistema nervoso parassimpático. Este é responsável por proporcionar uma sensação de relaxamento e de profunda quietude, diminuindo a freqüência cardíaca, a taxa respiratória e, conseqüentemente, a atividade do locus coeruleus (onde a norepinefrina é sintetizada).
A queda na produção de
norepinefrina diminui a estimulação do hipotálamo, reduzindo também a
produção de hormônios do stress como ACTH e cortisol (eixo HPA – mecanismo
citado acima). Além disso, o hormônio argenina-vasopressina (AVP), que se
encontra também rebaixado durante a meditação, contribui para a manutenção de
afetos positivos, reduzindo fadiga e excitação, e é significativamente
importante na consolidação de novas memórias e no aprendizado.
Pelo fato de a meditação estar associada a alterações nos padrões e eletroencefalográficos de repouso, o que sugere mudanças duradouras na atividade cerebral, os cientistas começaram a desconfiar de que a meditação pudesse ocasionar também alterações morfológicas em estruturas envolvidas nessa prática.
Em 2005, a pesquisadora Sara Lazar e
equipe, do Massachusetts General Hospital, nos Estados Unidos, comprovaram que as
técnicas de meditação estão significativamente associadas ao aumento da
espessura de determinadas regiões corticais (massa cinzenta) relacionadas a
processos somatossensoriais, auditivos, visuais, interoceptivos e emocionais.
A equipe de Lazar utilizou ressonância magnética funcional (FMRI) para
identificar áreas ativadas durante uma forma simples de meditação e descobriram
um aumento da atividade dos córtices pré-frontal e parietal, hipocampo, lobo
temporal, córtex cingulado anterior, estriado e giros pré e pós-central.
Os resultados das pesquisas indicaram que o exercício ativa estruturas neurais relacionadas à atenção e ao controle do sistema nervoso autônomo. Além disso, a prática regular de meditação previne ou retarda a redução cortical nas áreas pré-frontais relacionadas à idade (a mais vulnerável aos efeitos do envelhecimento), o que pode indicar o envolvimento de múltiplos mecanismos de neuroproteção.
As evidências científicas a respeito dos efeitos positivos do Yoga parecem confirmar o que já se acreditava na civilização indiana há mais de 5 milênios: "a meditação proporciona respostas benéficas ao corpo por meio de
seus efeitos potenciais no cérebro".
Evitar o turbilhão de pensamentos e acalmar
a mente para que ela se torne focada e alerta, como tem sido preconizado por
praticantes, são processos que a ciência começa a investigar em profundidade,
ajudando a preservar e difundir essa corrente filosófica milenar.
Respiração e Ritmo influenciam estado de humor
Entre as várias técnicas do Yoga, os exercícios respiratórios (Pránayáma) parecem ser os que exercem maior influência nos estados de humor, justamente pela notória relação das emoções com a respiração.
A regulação respiratória
depende de uma série de mecanismos involuntários, podendo ser realizada sem a
interferência do controle voluntário. Assim, as características da respiração se
ajustam de acordo com as emoções. Entretanto, é possível alterar
voluntariamente seu ritmo, freqüência e profundidade.
As técnicas respiratórias
orientam justamente esse controle voluntário, exercendo influência em
mecanismos involuntários que regulam a respiração e o sistema cardiovascular,
podendo modular a interação entre sistema nervoso simpático e parassimpático e,
conseqüentemente, o eixo HPHPA.
Estes exercícios ativam o sistema nervoso
autônomo com a finalidade de inibir o sistema simpático e estimular o sistema
parassimpático.
Com a prática dos exercícios respiratórios propostos pelo Yoga, os quimiorreceptores sensíveis à elevação de CO2, localizados no centro respiratório do cérebro (no tronco cerebral), começam a responder menos a esse aumento durante a expiração, de modo que o indivíduo consegue expirar mais prolongadamente, reduzindo a freqüência cardíaca.

As técnicas têm como finalidade prolongar a expiração e
valorizar a retenção de ar. Esse princípio conduz a um treinamento tão forte do
Sistema Nervoso Autônomo que ocorre um aumento das variações da freqüência cardíaca, mesmo quando o
indivíduo não está praticando, pois o padrão respiratório involuntário é
profundamente alterado.
Essas pesquisas talvez expliquem por que os praticantes
de Yoga sejam menos propensos a desenvolver transtornos de ansiedade e de humor
e respondam melhor às alterações emocionais negativas.
Conhecimento Anscestral
Tornaram-se comuns, por exemplo, as crises hipertensivas por stress e
principalmente alterações no sistema respiratório em conseqüência de mudanças
nos estados emocionais.
Indivíduos que sofrem de Distúrbio do Pânico, freqüentemente, hiperventilam durante as crises, e um dos recursos para diminuir a velocidade respiratória é justamente a chamada “respiração diafragmática”. Esta técnica é muito utilizada no Yoga.
Por meio de mecanismos controladores das funções vegetativas e endócrinas, o hipotálamo induz respostas orgânicas às alterações no meio ambiente externo e interno, por exemplo aquelas induzidas por agentes estressores, que permitem ao organismo a adaptação para manter a homeostase (manutenção de condições estáveis para as células).
Indivíduos que sofrem de Distúrbio do Pânico, freqüentemente, hiperventilam durante as crises, e um dos recursos para diminuir a velocidade respiratória é justamente a chamada “respiração diafragmática”. Esta técnica é muito utilizada no Yoga.
Por meio de mecanismos controladores das funções vegetativas e endócrinas, o hipotálamo induz respostas orgânicas às alterações no meio ambiente externo e interno, por exemplo aquelas induzidas por agentes estressores, que permitem ao organismo a adaptação para manter a homeostase (manutenção de condições estáveis para as células).
A ativação do SNA pelo hipotálamo é responsável por
alterações fisiológicas, como intensificação da freqüência cardíaca, aumento do
fluxo sangüíneo para os músculos, da glicemia, do metabolismo celular e da
atividade mental e liberação de adrenalina, o que permite melhor desempenho
físico e mental.
Além de estimular o SNA, o hipotálamo (que também é responsável pelo controle de diferentes glândulas endócrinas) ativa o eixo HPA, influindo nas reações orgânicas ao stress.
Em uma situação tensa, o hipotálamo sinaliza a secreção do
hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), também conhecido como corticotrofina,
responsável pelo controle da secreção de corticoesteróides (que contêm o
cortisol, hormônio do stress) pela glândula adrenal. Além do eixo HPA, o stress
ativa a divisão simpática do sistema nervoso neurovegetativo, como parte da
reação de luta ou fuga.
Como resultado, a noradrenalina das fibras nervosas
simpáticas periféricas é liberada em diferentes tecidos, bem como a adrenalina
(e também alguma noradrenalina) da medula adrenal, na corrente sanguínea. A
constante ativação do SNS, do eixo HPA e a liberação de adrenalina levam a uma
situação crônica de stress e depressão, que afetam a integridade do cérebro.
Mente Alerta
Após a prática da meditação, essas ondas continuavam presentes no cérebro das pessoas, como se elas estivessem sempre muito focadas e concentradas, mesmo quando não estavam meditando.
Em uma segunda etapa do estudo, os mesmos autores
concluíram que a melhoria na concentração pode resultar em um estado mental
menos ativo cognitivamente, no qual a execução de tarefas exija menos esforço
cognitivo. As implicações clínicas podem favorecer indivíduos com déficit de
atenção, que apresentam dificuldades em se concentrar.
Estes processos estão
relacionados a um aumento de atividade de redes de atenção dos lobos frontais
anteriores, incluindo uma estrutura chamada córtex cingulado anterior (CCA),
resultando em melhora crônica da atenção e da capacidade de concentração.
O CCA
é uma região envolvida tanto em processos de atenção quanto em processos
afetivos e alterações autonômicas. O CCA e o córtex pré-frontal (CPF) modulam
então respostas emocionais, provavelmente controlando a atividade neural dos
componentes do sistema límbico, como a amígdala (hipoativada).
Especula-se que o Yoga tenha surgido na civilização dravídica, que se
expandiu a partir do vale do rio Indo, atual Paquistão, região que na época
pertencia à Índia. Não existem documentos desse período sobre o assunto, embora
a palavra seja mencionada nos Vedas, textos sagrados do hinduísmo escritos por
volta de 1500 a.C. Desde então, a prática passou por muitas transformações e
foi incorporada à tradição oral, até que seus principais conceitos fossem
compilados em forma de aforismos por Patanjali, cerca de 300 a.C. A origem do
termo vem do sânscrito, yuj, que significa “união”, “junção”.
Hoje dispomos de várias escolas e academias dedicadas ao estudo e prática do Yoga.
Só pelos benefícios já descobertos, acredito que seja interessante fazer uma aula experimental. Procure um local perto de você onde possa tem contato com esta prática milenar.
Adaptado de: Camila Ferreira Vorkapic